sexta-feira, 18 de outubro de 2019

O Imediatismo Ambicioso (E Um Tanto Vazio) Que Está Reinando No Mundo Que Consome o Pop


Com essa onda de “ostentação”, tão forte nos últimos anos, o comportamento das pessoas vem sofrendo interferências genuínas. Músicas que te dizem “termine com seu parceiro, estou entediado te quero pra mim”, “eu vejo, eu gosto, eu quero, eu pego”, “não conte pra sua mãe” e afins, mostrando que ostentar está além de coisas materiais, mas também inclui pessoas e relacionamentos, moldam o comportamento e entendimento da população que consome e acredita nas mídias e cultura Pop. 

Recheadas de letras superficiais, que deveriam ser apenas um entretenimento passageiro, um momento de dançar e zoar ao lado dos seus amigos, como num fastfood musical repleto de hambúrgueres de “nada” que te alimentam em uma tarde qualquer, as músicas acabam se tornando mantras, estilos de vida, devido a repetição incessante que acaba por penetrar e distorcer as mentes mais maleáveis, interferindo nas ações e relações das pessoas. É de se surpreender que aqueles que se intitulam mentes abertas e analíticas, se deixem levar tão simplesmente pela ambição dos vendedores de conteúdo chiclete e leviano. 

A crítica aqui não se refere aos artistas que estão tentando vender seus trabalhos através da janela do drive-thru de streams. Tão pouco estou desqualificando suas produções, por mais rasas e frias que possam chegar na bandeja. A verdadeira crítica está nos receptores, na massa jovem e adulta, que compra e perpetua o discurso barato e egocêntrico que te manda agir sem pensar, se jogar sem olhar o buraco onde vai cair, que te diz para agir impulsivamente, independentemente de quais ações está tomando, te convencendo ser tudo muito necessário já que “só se vive uma vez”. Tantos discursos hipócritas, promovidos pelas batidas do momento, são engolidos por jovens e adultos, que acumulam em si os vestígios da entrega fácil que está impregnada nessa indústria.

Meu apelo é que não se leve tão a sério as frases que cantores e cantoras pop, personalidades da mídia e celebridades, dizem quando só querem vender algo fácil e descabido. Agir arrasando com as pessoas não realmente traz felicidade para ninguém. 

Não termine seu relacionamento porque um(a) desocupado(a) está entediado e decidiu se meter entre vocês só porque Ariana Grande disse, nem seja o desocupado que vai interferir no relacionamento de alguém.

Não deixe de contar para sua mãe que alguém tentou te beijar só porque a Demi Lovato mandou, menos ainda seja aquele mal-intencionado que vai arrastar alguém vulnerável para um canto escondido.

Não se impeça de sair e se divertir com suas amigas após um término porque o Drake cantou que você é indecente, nem julgue sua ex por querer passar um tempo curtindo músicas na noitada.

Leve para sua vida discursos que te inspirem de maneira positiva, que te deem força para se aceitar, para se amar, para lutar, para correr, até para malhar ou, no melhor dos casos, vencer. 

Já que “só se vive uma vez”, por que fazer isso da forma mais caótica possível? Se permita trazer paz para si e para os que ama. Não acredite nas músicas que te dizem que perturbações causadas na vida alheia são aventuras maravilhosas, que se jogar nos seus desejos mais imediatos, egoístas e infantis te trará satisfação. Que gastar por gastar, para ostentar objetos ou relacionamentos, te preencherá e fará as pessoas gostarem mais de você.

Depois de toda música alegre sobre como é bom viver sem se importar com quem vai ser atingido pela balburdia do caos inconsequente pelo egocentrismo em comando, vem aquela baladinha triste de como a vida pode ser solitária, as noites frias e o céu cinzento.

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